VertigO - La revue en sciences de l'environnement sur le WEB, Vol 1 No 1, Avril 2000

LETTRE DE L'ÉTRANGER
Da quantidade à qualidade

Par Ivan Bergier Tavares de Lima, Biologo, Doutorando em Ciencias, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Cena, Universidade de Sao Paulo,


A temida explosão populacional já não se encontra no papel principal do palco das discussões ambientais no planeta e no Brasil. A tendência do aumento da população mundial é de estabilização, ainda na primeira metade deste século. O desrespeito às políticas públicas de desenvolvimento e a falta de qualidade de vida da maioria das pessoas são muito mais preocupantes hoje do que o ritmo de crescimento da população mundial. Particularmente quando se estima que dois terços da população no mundo e 90% no Brasil deverão estar vivendo nas cidades em 2025. O fenômeno da globalização tem limitado a implementacão de políticas públicas de desenvolvimento em países emergentes, uma vez que privilegia a iniciativa privada e diminui o poder de atuação do Estado no processo de planejamento da sociedade. Na realidade, o modelo vigente de desenvolvimento, calcado no neo- liberalismo, pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos naturais, explora a força de trabalho de modo miserável e confia sobremaneira na capacidade de auto-regulação das forças do mercado. A reversão desse processo necessita antes de tudo da formação de uma mentalidade que definitivamente posicione o ser humano como parte integrante e dependente dos recursos e da estabilidade climática do planeta. Isto pode ser antingido por meio da adoção de políticas de desenvolvimento sustentável, atendendo às carências dos seres humanos hoje, sem entretanto, sacrifiar o capital natural da Terra, e considerando também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem um planeta habitável com relações minimamente justas. Tendo em vista a interdependência de fatores e a finitude dos recursos não-renováveis, os empresários deste século não devem mais vislumbrar a sociedade como base de mercado ou de mão-de-obra barata, mas sim baseada em seres humanos e valores éticos, intrinsecamente relacionados à capacidade de regulação ou resiliência climática da Terra. A busca e a implantação de alternativas energéticas renováveis e o tratamento de água e lixo deverão ser os grandes desafios nos próximos anos. A manutenção e a permanência equilibrada do gênero humano sobre a superfície do planeta implica na mudança de um objetivo de quantidade a qualquer preço para outro que priorize a qualidade de vida.

De quantité à qualité (traduction É. Duchemin)

L'explosion démographique mondiale se retrouve dans la majorité des discussions environnementales internationales et brésiliennes. La tendance à l'augmentation de la population mondiale et sa stabilisation sont des problématiques depuis le début de ce siècle. Aujourd'hui, l'incapacité d'appliquer des politiques publiques de développement et la perte du niveau de vie pour la majorité de la population mondiale sont des problématiques plus préoccupantes que le rythme de la croissance démographique mondiale. Particulièrement lorsqu' on estime que les deux tiers de la population mondiale, et 90% des brésiliens, vivront dans les agglomérations urbaines d'ici 2025. Le phénomène de mondialisation limite l'implantation des politiques publiques de développement dans les pays émergents. Ce phénomène, préviligiant les initiatives privées, diminut le pouvoir des États dans la planification sociale. En réalité, le modèle de développement utilisé, provenant du néo-libéralisme, pratique le pillage des ressources naturelles, exploite la force de travail des populations pauvres et confit le développement à la capacité d'auto-régulation du marché économique. Le renversement de ce modèle de développement nécessitera avant tout la formation d'une mentalité positionnant l'être humain comme partie intégrante et dépendante des ressources et de la stabilité climatique de la planète. Ceci peut être atteint par l'adoption de politiques favorisant le développement soutenable, répondant aux problèmes humains actuels, sans sacrifier le capital naturel de la terre et en considérant simultanément la nécessité des générations futures. La nécessité de ces générations provient de nos valeurs, de la satisfaction de nos besoins et de l'héritage d'une planète habitable. Ayant en vue l'interdépendance des facteurs et la finitude des ressources non-renouvelables, les entrepreneurs de ce siècle ne doivent plus apercevoir la société comme un marché, ou une masse ouvrière, mais avec une vision humaine et avec des valeurs éthiques, reliées inéluctablement à la capacité de régulation climatique de la Terre. Trouver et implanter des alternatives énergétiques à partir de ressources renouvelables, et traiter l'eau et les déchets, devront être les grands défis des années à venir. L'entretien et le maintien de l'équilibre du genre humain sur la planète va impliquer la transformation de l'objectif sociale - quantité - vers une forme de qualité.


VertigO no 1, vol 1