VertigO - La revue en sciences de l'environnement sur le WEB, Vol 2 No 1 , Avril 2001

LETTRE DE L'ÉTRANGER
O Fórum Anti-Davos: para ir além de uma declaração de intenções.

Par ELIANE DALMORA,
Étudiante au doctorat Interdisciplinaire en Sciences Humaines, Ligne de Recherche Société & Environnement/CFH/Université Fédérale de Santa Catarina, Brésil. courriel: dalmora@cfh.ufsc.br.



O Fórum Social Mundial, se constituiu num evento amplo e democrático, que permitiu aglutinar as mais diversas organizações governamentais e não governamentais. Organizações estas que apresentam uma prática local ou global marcada por idéias criativas engajadas no desafio de construção de um outro mundo. Com o evento ficou selado, entre os participantes, o compromisso de lutar por uma sociedade de homens e mulheres, participantes, ativos, fundados em uma economia solidária e co-responsáveis pela busca do desenvolvimento durável.

Os olhares finalmente se voltaram para o que acontece no município de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, o qual possui há dez anos consecutivos um modelo de gestão democrática popular e a sua mais recente vitória no governo do estado do Rio Grande Sul. Apesar das imperfeições dos governos administrados pelo Partido dos Trabalhadores (PT), suas ações vem fortalecendo amplamente os espaços públicos de discussão e significam o rompimento com as bases políticas tradicionais centradas no apadrinhamento político, na troca de favores e outras tantas relações que sempre fizeram parte da cultura política brasileira.

Entre as tantas questões em debate no Fórum, assume destaque o tema dos Alimentos Geneticamente Modificados (OGMs), à partir da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o apoio da Via Campesina. Os OGMs vem fazendo parte de um prolongado debate estabelecido entre o governo do estado, os pesquisadores e os cidadãos em geral. O governo do estado posiciona-se de modo reticente aos OGMs e estabeleceu durante o ano de 2000 um diálogo amplo e democrático com a pretensão de tornar o Rio Grande do Sul um estado livre de agrotóxicos e de OGMs. A questão é polêmica, pois setores da produção defendem veemente o uso dos OGMs, acreditando ser esta uma saída para a atual crise que afeta a produção agrícola.

Tal crise se traduz pela eliminação dos empreendimentos não competitivos, situados em territórios com inadequadas condições agroecológicas em clara desvantagem nas relações inter-regionais. A via do produtivismo tem denotado a drasticidade das relações Norte-Sul e pode comprometer as opções que apostam no fortalecimento de uma outra agricultura, fundada nos princípios da agroecologia, da economia solidária, da permanência do homem no campo, da valorização da biodiversidade e, especialmente, na consolidação da agricultura familiar.

O governo federal brasileiro, por outro lado, tem se posicionado cada vez mais favorável a uma economia "neoliberal" que é extremamente predatória aos desenvolvimento sustentável das regiões. Infelizmente temos um governo cada vez mais voltado “para fora”, totalmente ausente no fortalecimento das experiências que indicam caminhos de um desenvolvimento que primem pela qualidade do meio ambiente com participação social.

O Fórum contemplou a polêmica que divide os riograndenses entre a opção pela continuidade de um modelo de desenvolvimento produtivista, excludente e insustentável e a opção por um outro modelo - solidário, democrático, eqüitativo e sustentável. Pretende-se um avanço cultural, que vai muito além de uma declaração de intenções das mais diversas organizações governamentais e não governamentais, essa á a grande novidade que ocorre por aqui e que fez com que a oposição a Davos se desse em Porto Alegre.

Le Forum Anti-Davos: pour aller au-delà d'une déclaration d'intentions.
(traduction de Delaine Sampaio)

Le Forum Social Mondial a constitué un événement démocratique de grande envergure ayant permit la rencontre de plusieurs organisations gouvernementales et non-gouvernementales (ONG). Ces organisations étaient représentatives d’une pratique locale ou globale marquée par des idées créatives afin de relever le défi de la construction d’un autre monde. À travers cet événement les participants se sont engagés à lutter pour une société participative d’hommes et de femmes, active, fondée sur une économie solidaire et co-responsable pour la recherche du développement soutenable.

Les regards se sont tourner vers la ville de Porto Alegre, capitale de l’état du Rio Grande do Sul, étant donné son modèle de gestion démocratique populaire, implanté depuis plus de dix ans et à sa plus récente victoire politique dans cet état. Malgré les imperfections existantes dans l’administration du Parti des Travailleurs (PT), les actions réalisées fortifient les espaces publiques de discussion et sont la représentation d’une rupture avec les bases politiques traditionnelle centrées sur le parrainage politique. Ce dernier basé sur des échanges des faveurs et de relation qui ont toujours fait partie de la culture politique brésilienne.

Parmi les plusieurs questions débattues dans le Forum, l’emphase fut mit sur le thème des Aliments Génétiquement Modifiés (OGMs) à partir de l’action du Mouvement des Travailleurs Rurales Sans Terres (MST) avec l’appuie de la Via Campesiana. Les OGMs font partie d’un long débat qui a été établit entre le gouvernement de l’état, les chercheurs et les citoyens en général. Le gouvernement local a établit durant l’année 2000 un large dialogue démocratique afin de rendre le Rio Grande do Sul un état libre des agrotoxiques et des OGMs. La question est sujette à des polémiques, car les secteurs de production défendent l’utilisation des OGMs, ils croient qu’il s’agit d’une solution pour la crise actuelle affectant la production agricole brésilienne.

Cette crise se traduit par l’élimination des entreprises non compétitives. Entreprises souvent situées sur des territoires ayant des conditions agro-écologiques inadéquates et désavantagées dans les relations inter-régionales. La voie du productivisme témoigne de la dramatique relation entre le Nord et le Sud et elle peut compromettre les options qui aident au succès de l’agriculture, fondée sur des principes agro-écologiques, une économie solidaire, la permanence des hommes à la campagne, la valorisation de la biodiversité et principalement la consolidation de l’agriculture familière.

Par contre, le gouvernement fédéral brésilien a pris une position favorable à une économie « néolibérale » extrêmement prédatrice au développement soutenable des régions. De ce fait, le gouvernement brésilien est, malheureusement, de plus en plus tourné vers l’extérieur et totalement absent dans le processus de fortification des expériences indicatrices des chemins appropriés pour un développement participatif privilégiant la qualité de l’environnement.

Le Forum a mis de l’avant la séparation idéologique divisant les “riograndenses” entre l’option de la continuité d’un modèle de dévélopement productiviste, non-soutenable, et l’option d’un modèle-solidaire, démocratique, équitable et soutenable. En souhaitant un avancement culturel qui ira au dèla de la déclaration des intentions de plusieurs organisations gouvernementales et non-gouvernementales. Voilà la grande nouveauté qui s’est produite à Porto Alegre et qui a permit l’opposition à Davos.


VertigO no 1, vol 2